terça-feira, 17 de novembro de 2009

2012 - A Profecia Maia


2012 é o “filme catástrofe” de R. Emmerich que agora chega às salas de cinema. O filme apresenta-se desde logo usando um calendário azteca para justificar a sua inspiração numa profecia… maia. Ficou logo claro que tipo de fiabilidade científica iremos encontrar…
É verdade que os maias tinham uma concepção cíclica do tempo, e que 2012 era de facto o fim de um dos seus múltiplos ciclos de tempo, um ciclo começado no 4 Ahau 8 Cumku (exactamente a 11 de Outubro de 3113 a.C.). Este ciclo deveria estender-se por 5125 anos e terminar efectivamente a 21 de Dezembro de 2012. Mas para os maias, este ciclo não foi o primeiro, e após este, seguir-se-iam outros, numa sucessão infinita de ciclos, menores, dentro de outros maiores, ad aeternum! Em nenhum se antecipava uma destruição catastrófica do universo! Antecipavam-se catástrofes, cataclismos, é certo, após cada ciclo, mas não o fim desse curso contínuo de ciclos temporais…
1. O Sol está num momento de calma inédito desde que se têm dele registos detalhados. Tanto, que os especialistas já desistiram de prever quando é que poderá tornar a apresentar manchas solares… Mas mesmo que ele tornasse a despertar em 2012, e nesse ano se produzisse uma erupção solar massiva, como a registada em 1859, isso criaria muita perturbação, com colapsos massivos das redes eléctricas e de comunicações, mas não o fim do mundo!
2. Numa reportagem emitida ontem no jornal da TVI, e logo vista por centenas de milhares de pessoas, dizia a “jornalista” que “alguns acreditam na existência de um planeta que chocaria com a Terra”. Alguns? Dito assim, até parece uma tese credível! Nada mais falso! Aliás, não foi à toa que a reportagem não interrogou nenhum astrónomo ou cientistas, mas apenas Moisés do Espírito Santo, um reputado mitologista português… isto porque aos “jornalistas” interessava apenas a parte folclórica da história, não uma visão científica da mesma! Os “alguns” são os seguidores de um certo Zacharie Sitchin que inventou um planeta de nome Nibiru que – segundo ele – seria mencionado no relato mesopotâmico da Criação, o Enumma Elish e que regressaria ao Sistema Solar, vindo da sua órbita muito extrema, todos os 3600 anos. O problema é que se um “planeta” (isto é, um corpo celeste de dimensões comparáveis a qualquer um dos planetas interiores) passasse todos os 3600 anos perto das órbitas dos outros planetas, estas revelariam traços da sua passagem, e estes, simplesmente não existem! Pode haver um (ou vários) “Nibiru” por descobrir em órbitas muito para além da Cintura de Kuiper ou de Oort, mas não fazendo visitas regulares ao centro do Sistema Solar!
3. A 21 de Dezembro de 2012, apenas Mercúrio e Vénus estarão alinhados. E estes alinhamentos nada têm de extraordinário, sendo pelo contrário, relativamente frequentes! Recordemo-nos que o efeito da gravidade diminui com a distância, e que mesmo que um alinhamento total se produzisse… nem sequer teria força suficiente para igualar uma maré viva provocada pela Lua.
4. O alinhamento da Terra com o centro da nossa galáxia ocorre todos os anos, em datas variáveis e não em cada 26 mil anos! E não, não poderá jamais produzir uma queda no interior do Buraco Negro que reside no núcleo galáctico, porque este se encontra a 50 mil anos-luz e como nada se move mais depressa que a luz, essa queda dificilmente seria rápida… para além de que nada faz antever tal colapso galáctico, claro!
5. Por fim, outra causa referida para o fim do mundo em 2012 é a inversão do pólo norte magnético. Isso já aconteceu várias vezes no passado, num ciclo ainda não compreendido e que por isso mesmo, tem escapado a qualquer previsão. O certo é que não há vestígios paleontológicos que liguem estas inversões de pólo magnético (ocorridas 400 vezes na Terra) com extinções em massa ou mesmo a qualquer outro tipo de perturbações geológicas de larga escala.

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