sexta-feira, 8 de maio de 2009

A profissão militar

A profissão militar tem revelado, na grande aventura humana, aspectos de marcante singularidade, na razão em que os países sempre entenderam nas suas Forças Armadas o elemento final - a última ratio - para a preservação de seus interesses vitais.
A existência e o futuro das nações dependem, fundamentalmente, da capacidade das suas Forças Armadas sustentarem as decisões estratégicas do Estado, bem como de actuarem contra ameaças à sua integridade política e territorial.
Recursos humanos altamente qualificados, saudáveis, treinados, motivados e bem equipados são o fundamento da capacitação de quaisquer Forças Armadas, reflectindo o desejo da própria sociedade.
Pela sua especificidade e particular exigência o militar, no acto de ingresso nos quadros das Forças Armadas, é obrigado a um Juramento de Bandeira que constitui o seu Código de Honra ao qual se submete no interesse da Pátria ao longo de toda a sua vida. Esse Código de Honra é oficializado na Lei de Bases da Condição Militar onde expressamente se inscreve que:
"A Condição Militar tem natureza própria que a distingue da condição dos restantes dos servidores do Estado, salientando-se:
a sujeição aos riscos das missões militares, incluindo o sacrifício da própria vida e os decorrentes da formação, instrução e treino;
a permanente disponibilidade, quer em termos temporais, quer em termos de mobilidade territorial, com o sacrifício de interesses pessoais e familiares;
a restrição, constitucionalmente prevista, de alguns direitos e liberdades ; e
a fixação de princípios deontológicos e éticos e dos relativos à hierarquia, à subordinação, e obediência ao exercício do poder da autoridade e ao desenvolvimento de carreiras".
"Acrescentam-se, ainda, a sujeição a um regime disciplinar específico e o respeito e cumprimento dos diversos regulamentos e regras, que se incluem no conjunto de conceitos marcantes da vida castrense".
Impropriamente se diz que os militares “gozam de benefícios” e regalias, dando a falsa ideia de que são luxos desnecessárias e descartáveis. De facto o conjunto de medidas que ao longo dos séculos foram sendo colocados ao serviço dos militares e das Forças Armadas, representam as medidas indispensáveis para que os militares possam cumprir com o mínimo de êxito as missões nacionais e internacionais que lhes incumbem para a Defesa Nacional e para darem cobertura razoável ao excepcional grau de exigência a que estão sujeitos.
Infelizmente vivo num país onde se trata os militares como cidadãos diminuídos, cegos, surdos, mudos e obedientes e nem sequer se lhes dá o benefício da dúvida, preferindo-se, ou ignorá-los ou amedrontá-los, nem que para isso se tenha de usar argumentos colados a cuspo em dia de vento.
Infelizmente vivemos num país onde a melhor forma que os chefes militares encontraram para se afirmar perante os seus subordinados, é a ameaça, disfarçada de paternalismo balofo e sem moral.
Tenho pena de viver num país onde um ministro, que se diz da tutela da Defesa, é incapaz de esclarecer os militares quanto à interpretação duma lei, que ele próprio promoveu e defende.
Instalou-se agora um clima de guerrilha entre as chefias e as associações, o que, obviamente, deixa muito tranquilo o Ministro da Defesa e o próprio Primeiro-ministro. Em vez de se utilizar o poder, a força e a inteligência para procurar novas formas de entendimento e assim se contribuir para a resolução dos inúmeros problemas que, efectivamente, afectam os militares, entrincheiram-se cada um nos seus dogmas e nas suas certezas e alvejam-se, por palavras, actos e casmurrices. Tenho pena de viver num país assim. Tenho pena de ter chefes que se enfraquecem e encolhem perante um poder arrogante e sem pinta de bom senso e crescem e vociferam contra aqueles de quem deveriam colher os apoios e o respeito que já se perdeu na ineficácia do seu comando. Se ao menos, parassem um pouco e pudessem constatar que atrás de si já ninguém se perfila em atitude de estima e respeito, mas tão só de ténue e instintiva obediência… Isso… caladinhos e bons rapazes, assim é que queremos os militares. Para arruaceiros e sem códigos de honra, nem juramentos de princípios e valores, já cá temos todos os outros.

Códigos destes haviam de existir dentro da sociedade portuguesa, e deviam ser seguidos por todos, e não deveriam ser exclusivos das forças armadas.
Regras de conduta e ética nunca fizeram mal a ninguém!!!

Sem comentários:

Enviar um comentário