sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lá se vai o Tramoço



Gosto é de tascas! E das típicas.
Gosto de tascas, daquelas que o turista não conhece nem quer conhecer, decoradas duma forma tão pirosa que até causa tiques quando as olhamos à distância do pensamento.
Gosto do português rural, do genuíno, do que não vai em futebóis. Gosto da sua simplicidade, da sua ponderação e bom-senso, da sua sabedoria antiga.
Daquelas onde cheira a vinho e sardinha assada. Onde as mesas corridas se entalam entre pipas de vinho e garrafões cheios. Onde se vislumbram as pataniscas de bacalhau e sandes fartas.
Gosto das tascas típicas, onde o presunto serve de tecto... ali a paredes meias com uns quilos de chouriços caseiros. Onde não chegou ainda a batata frita nem os molhos especiais de ketchup e afins...
E olhem que há algumas bem asseadinhas, em plenos centros históricos onde nem lembra o diabo. Perguntam-me onde?
Sei de algumas, onde talvez a ASAE ainda não tenha sonhado ir. Sim, porque aquilo pode ser chumbado, nem que seja pela marca dos guardanapos.
Isto vem a propósito das directivas comunitárias, impondo normas e leis europeias a tudo o que é zona de garfo e faca. E não só!
Muita coisa acabará em breve.
O que é tradicional, típico, nacional, castiço ou secular deixa de ter importância. A comida caseira deixará certamente de existir, excepto lá na nossa cozinha. Mas cuidado, não vá aparecer um fiscal de crachá ao peito, a perguntar se as alfaces da horta são certificadas pela norma 2007/58 em vigor desde o decreto 5478/63 de Nov2006.
Porra! Tenho que ter cuidado senão ainda me apreendem os tramoços!!!!

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