terça-feira, 1 de setembro de 2009

Arribas escrutinadas


Foi preciso ter acontecido uma desgraça na Praia Maria Luísa, em Albufeira, para as autoridades despertarem para o perigo iminente nas falésias portuguesas.
Cinco mortos depois, as autoridades mostram-se inexcedíveis no seu zelo. Agora, consumada a tragédia, não faltam inspecções e vistorias, placards de aviso e cautelas elementares. Pena não se terem lembrado antes.
Avaliados à pressa mais de 40 quilómetros de costa no Algarve, entre Albufeira e Lagos, concluiu-se que era necessário vedar ao público uma dezena de arribas onde se impõem "intervenções prioritárias". Até a Praia da Coelha, que o Presidente Cavaco Silva habitualmente frequenta para banhos, "corre sério risco de derrocada".
Como só depois da casa roubada se puseram trancas à porta, acordamos agora para uma realidade global preocupante: não é só no Algarve que a falésia está a esboroar-se. Como há dezenas de anos Orlando Ribeiro já prevenia, a costa portuguesa está toda ela em situação periclitante. Só na Região Hidrográfica do Tejo foram detectadas nos últimos dias 52 arribas em risco de derrocada, 30 das quais em praias de alta frequência como Alcobaça, Nazaré, Óbidos, Peniche e Lourinhã. Noutras zonas de intervenção, idênticos problemas terminais foram identificados nas Azenhas do Mar, Praia das Maçãs, Aguda, Almograve, Carvalhal e Arrábida.
Vá lá uma pessoa confiar neles...

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