quinta-feira, 15 de março de 2012

O problema do desemprego em Portugal tem um outro nome e esse nome é “Euro”


O problema do desemprego em Portugal tem um outro nome e esse nome é “Euro”. Desde que Portugal aderiu ao Euro a economia nunca mais tornou a conhecer os níveis de crescimento precedentes, perdeu produção industrial a um ritmo sem precedentes e assistiu a um crescimento do desemprego quase sempre, anos após ano.
Na verdade, desde a adesão ao Sistema Económico e Monetário, em 1999, ainda antes da adopção da Moeda Única (Euro) Portugal conheceu uma evolução do Desemprego ainda mais negativa que o crescimento do PIB. Esta evolução indica que dois factores principais confluem para a cada vez mais grave situação do desemprego em Portugal: a estagnação económica e o Euro. Na verdade, se tivermos em conta que a perda de competitividade internacional do nosso sector de bens transaccionáveis resulta em grande parte do Euro, esses dois factores podem muito adequadamente reduzir-se a apenas um: o Euro.
Aquando da adesão ao Euro houve quem alertasse para os riscos decorrentes: convite a um endividamento descontrolado, criado pela baixa radical das taxas de juro; perda de competitividade internacional devido à alta cotação relativa do Euro (sobrevalorizado desde o primeiro dia); impossibilidade de realizar desvalorizações da moeda, etc. A soma de todos estes factores haveria de impactar negativamente nos números do desemprego e agora a correcção dessa analise está bem à vista de todos: estima-se que perto de 1.2 milhões de portugueses (números reais) estejam desempregados ou tenham simplesmente desistido de encontrar trabalho.
O problema não é assim conjuntural, não é uma consequência de um ou outro mau governo, nem da recessão global, do crash do suprime de 2008 ou da divida soberana. O problema é o uso de uma moeda completamente inadequada a Portugal, imposta pela pressão europeia (que nos queria tercializados e dependentes) e pela miragem doentia do crédito barato. Perante esta constatação só resta uma solução: Sair do Euro. Suportar o embate violento durante dois ou três anos; reestruturar a divida em Euros (recusando todo o pagamento de juros e dilatando os pagamentos de capital); regressar à soberania monetária e fazer tudo para permanecer na União Europeia enquanto, simultaneamente se abrem portas para o mundo lusófono e se procura rentabilizar o crescimento das suas economias para alavancar o crescimento das exportações lusas. Com este quadro, Portugal terá condições para ajustar a sua economia, os seus padrões de consumo e divida à sua real capacidade, sem abrir nunca bancarrota total e descontrolada e honrando o essencial dos seus compromissos internacionais.

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