sábado, 17 de março de 2012

Denunciamos a campanha de desinformação sobre a dívida grega e o plano de resgate dos credores privados

Quinta-feira passada, mais de 80 % dos credores privados (bancos, seguradoras, fundos de pensão, etc.) aceitaram participar na reestruturação da dívida grega, apagando da sua contabilidade 107.000 milhões de euros. Sobre o papel, estes credores renunciaram a 52 % dos seus créditos. Mas contrariamente às aparências, o CADTM afirma que esta operação é sobretudo uma óptima notícia para os bancos gregos e europeus (principalmente franceses e alemães), e de nenhuma maneira para o povo grego que sofrerão novos cortes do seu nível de vida.
Com efeito, os credores e o governo grego colocaram em marcha uma complexa montagem: os credores privados trocarão os seus títulos de dívida grega por uns novos de um valor (fiscal) inferior. Por exemplo, por una obrigação de um valor inicial de 100 euros, os credores receberão em troco um novo título com um valor facial de 46,5 euros. Contudo, não perdem com este pequeno jogo já que os títulos a trocar se vendiam no mercado secundário a um valor muito menor, entre 15 e 30 euros, enquanto com esta permuta obtêm títulos muito mais seguros. Alem do mais, a Troika concede um novo empréstimo de 130.000 milhões de euros na condição de que essa soma seja utilizada para pagar a dívida e sustentar os bancos. Assim, quando todos os grandes meios de comunicação repetem a cantilena oficial segundo a qual a dívida grega foi reduzida em 107.000 milhões de euros, esquecem-se de falar dos 130.00 milhões de novos créditos, que evidentemente a aumentarão. Por outro lado, substituem-se por credores públicos internacionais (BCE, Estados da zona euro, FMI) que exercerão uma pressão constante sobre as autoridades gregas com o consequente agravamento das medidas anti sociais.
E para completar o quadro, enquanto em caso de litígio 85 % dos antigos títulos dependiam da legislação grega, os novos títulos dependerão totalmente da justiça de Londres. O objectivo dos credores é limitar a possibilidade de que a Grécia decrete un default ou um repúdio da dívida.
Para o CADTM, este novo plano é um engano dado que, com o pretexto de ajudar o país, o que se resolveu foi o problema aos credores privados que sem dúvida têm uma enorme responsabilidade no endividamento da Grécia. Os bancos utilizaram uma parte do dinheiro público injectado para salvá-los da quebra em 2008-2009 na especulação com a dívida grega e obtiveram grandes benefícios, antes de empurrar o país para a grave crise que actualmente sofre.
12 de Março por Damien Millet, Sonia Mitralias, Yorgos Mitralias, Eric Toussaint, Renaud Vivien
(Ler em CADTM, Comité para Anulação da Dívida do Terceiro Mundo)

Sem comentários:

Enviar um comentário