terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Construção de cais de cruzeiros em Angra do Heroísmo denunciada junto da Unesco


De acordo com uma notícia veiculada hoje pelo jornal Público, foi apresentada uma denúncia junto da delegação portuguesa da UNESCO e do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), pelos riscos que apresenta relativamente aos vestígios arqueológicos subaquáticos, a construção de um cais de cruzeiros na Baía de Angra do Heroísmo.

Importa relembrar que todo o centro histórico de Angra do Heroísmo encontra-se, desde 1983, classificado como Património Mundial pela UNESCO e, na Baía, o património cultural subaquático actualmente registado encontra-se sob a tutela do Governo Regional dos Açores e está integrado no Parque Arqueológico da Baía de Angra, criado em 2005 pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 20/2005/A de 12 de Outubro.
A importância da Baía de Angra do Heroísmo deve-se, principalmente, ao facto de, desde o século XV, servir de porto de escala das navegações Atlânticas e Orientais que se dirigiam à Península Ibérica. Actualmente, na Baía estão sinalizados vestígios de cerca de 90 naufrágios históricos, tendo sido já identificados cerca de 20 locais com interesse arqueológico, dos quais dois são parques arqueológicos abertos ao turismo subaquático desde 2006.

Segundo o arqueólogo subaquático Paulo Monteiro, que efectuou a denúncia e integrou várias das campanhas subaquáticas levadas a cabo na Baía, os danos ao património subaquático, muito do qual ainda por descobrir, irá certamente ocorrer não apenas com a construção de mais esta infra-estrutura mas, principalmente, pela movimentação dos fundos provocados pelas hélices dos navios.
Ainda de acordo com o mesmo jornal Público, não se trata de um projecto consensual entre a população, por várias razões, nomeadamente por ir acrescentar mais uma muralha de betão à marina já construída após 1983.
Bom esperemos que a construção do novo cais em Angra não ande para a frente, porque seria uma pena ver desaparecer este tesouro arqueológico.

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